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Falar sobre sexualidade com as crianças, difícil?

A Educação sexual na primeira infância e adolescência é fator primordial para uma vida adulta equilibrada. É de fundamental importância trabalhar a sexualidade no início da vida para o bem estar do ser humano e pode se expressar de diversas maneiras. Seu desenvolvimento depende da satisfação de necessidades ou de acordo com a idade, do desejo, do contato físico, da intimidade, do carinho, da expressão emocional e de amor.

A sexualidade faz parte da vida desde que a gente nasce. Acontece que a maioria das pessoas tem uma percepção da sexualidade apenas pela visão do adulto. A visão de erotização da sexualidade realmente pertence à vida adulta e deve permanecer lá, não cabe na infância. Devemos saber diferenciar e educar de maneira assertiva de acordo com cada fase. Tratar a sexualidade é muito importante para o desenvolvimento humano. Estar disponível para dialogar com os pequenos sobre isso faz diferença.

A sexualidade na infância atravessa questões fundamentais para o desenvolvimento humano como socialização, autoestima, respeito, privacidade e muitas outras. Antes de qualquer coisa, é importante ter em mente que falar sobre sexualidade com crianças não é falar sobre sexo. Compreender isso ajuda a desconstruir a ideia errada de que educação sexual “incentiva sexo” na infância ou “muda orientação sexual” de alguém, afirmar isso é um equivoco de um padrão social impregnado pela “guerra política” que há ao longo da historia.

Falar sobre esse assunto com crianças é muito mais falar sobre autodescoberta, respeito aos limites do próprio corpo e dos corpos alheios, socialização, autoestima, autoproteção, autonomia, privacidade, higiene e uma série de outros temas intrínsecos ao desenvolvimento integral humano.

Falar sobre sexualidade com qualidade protege nossas crianças e adolescentes

A sexualidade humana começa a ser desenvolvida entre 0 e 1 ano de idade, quando a criança começa a “descobrir sensações com estímulo oral” como se alimentar (por meio da amamentação) e levar objetos e partes do próprio corpo — pés, por exemplo — à boca. Nessa idade as crianças querem interiorizar tudo, levam as coisas às bocas para colocarem para dentro do próprio organismo. Como se estivessem a sensação de guardar o que gostam.

Mais à frente, dos 2 aos 4 anos, de acordo com ela, se sobressai a fase anal, que é quando a criança aprende a controlar o próprio esfíncter e, consequentemente, a segurar e soltar as próprias fezes e urina.

Dos 4 aos 6, 7 anos, tem a fase fálica e genital, que é a exploração do restante do corpo. Os meninos vão descobrir que têm pênis e as meninas vão descobrir que têm vulva. Vão pegar, mexer. E existe uma questão de estímulo sensorial aí. Eles mexem porque, sensorialmente, é interessante. Não existe erotismo, existe descoberta do próprio corpo.

Conheça o “Semáforo do Toque”, jogo que ensina crianças sobre autoproteção:

É pelos 10 a 13 anos, juntamente com a puberdade, que, habitualmente, uma criança, na fase de transição para adolescência, apresenta os primeiros sinais de interesse pelas relações afetivas e sexuais.

À medida que idade e convívio social aumentam, as demandas da sexualidade se transformam. Para além do respeito ao próprio corpo e ao próprio espaço, passa a ser igualmente importante trabalhar o respeito aos corpos e aos espaços do outros. Não posso invadir o espaço do outro e não posso permitir que o outro invada o meu. Ao mesmo tempo em que preciso aprender a socializar.

Sexo, direitos reprodutivos e prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são assuntos também vinculados à sexualidade, mas que mais têm a ver com a adolescência, etapa que começa com a puberdade e acarreta uma série de mudanças no corpo. Nesse período, o mais importante é trabalhar questões relativas à autoestima e ao respeito à própria subjetividade dentro das relações sociais.

Nós adultos, devemos estar atentos e disponíveis sempre.

Uma criança que questiona um adulto sobre qualquer assunto na esfera da sexualidade mostra que confia a ele dúvidas muito sérias. E que seriam sérias para o adulto também, no mesmo período da vida.

Assim, devemos nos mostrar disponíveis para receber essas demandas e responder de forma simples, objetiva e adaptada ao universo infantil. Se os pais não têm disponibilidade, ou insegurança e a comunicação é de cobrança da criança naquele momento, isso dificulta, porque a criança vai aprender que não tem espaço naquele ambiente para se sentir informada, e não sentirá segura para retornar com mais dúvidas que irão surgir ao longo do crescimento.

O elo de confiança formado entre crianças e adultos no ambiente familiar deve ser levado a sério. A pessoa de confiança precisa manter o sigilo da conversa. Não vai contar pros outros filhos ou pra amiga. Se precisar de informação profissional, deve procurar profissional. E se for caso, deixar claro para a criança que você não consegue responder naquele momento, mas que irá buscar a melhor forma de solucionar a dúvida. E faze-lo mesmo, com responsabilidade e compromisso, pois a criança não esquece e se o adulto não levar a resposta, ela irá buscar em outras fontes não muito confiáveis. Aí mora o perigo!

No caso dos adolescentes, a mesma coisa. Tem que ser uma comunicação sem acusações, censuras ou críticas a respeito do que o sujeito está falando ou demandando, que é extremamente importante pra ele e que, se você não der essas informações, ele vai procurar saber com outra pessoa ou por outros meios.

Mesmo quando os pais não são tão presentes e disponíveis na infância, é possível, correr atrás do prejuízo e construir esse elo de confiança com os filhos já adolescentes ou adultos. Desde que, nesse processo, não tenham acontecido experiências traumáticas.

Os que não conseguem (construir laços de confiança) são os que produzem traumas. Abusadores sexuais de crianças e pais agressores não conseguem recuperar mesmo, porque o trauma vai impedir o sujeito de ter confiança. Agora, pais que estavam focados no trabalho ou dando atenção a outras necessidades, os filhos compreendem. E lamento, pois afirmo que a pessoa mais indicada para trabalhar a sexualidade com crianças e adolescentes é seu responsável.

E se o “não falar” acontecer?

Bem, as consequências da falta de diálogo e da repressão da sexualidade na infância são “catastróficas”. Principalmente porque interferem negativamente no desenvolvimento humano natural, levando, inclusive, a uma incompreensão sobre como se constroem os próprios desejos. Levando a formação de um adulto mal resolvido, sem autoconhecimento, autocuidado e totalmente vulnerável aos crimes sexuais existentes.

Como conversar com crianças sobre sexualidade?

Quando a criança perguntar a você algo sobre sexualidade, seja disponível e o mais natural possível. É importante que você esteja disponível para ouvi-la. Se não puder na hora, diga que responde em outro momento, mas cumpra a promessa. Ofereça tempo e atenção. Se você nunca parar para conversar, a criança pode entender que não há espaço para esse diálogo e pode não recorrer mais a você e buscar a informação em outro lugar ou com outras pessoas.

Adote sempre os nomes corretos

Ninguém fala que olho não é olho, que nariz não é nariz ou que boca não é boca. Porque não vê necessidade de estereotipar, “maquiar” as partes do corpo. Por que, então, esconder os nomes das partes íntimas? Por mais que você opte por apelidar “pênis” e “vulva” para conversar com crianças, tenha em mente que, em algum momento, elas devem saber os nomes corretos das partes dos próprios corpos. Isso é muito necessário.

É de muita importância que deixemos claro sobre a intimidade de cada pessoa, colocando que as genitais são partes do corpo como a mão, o braço e tals, mas que são íntimas e que não devem ficar expostas para qualquer pessoa tocar. Peça permissão antes de tocar o corpo da criança.

Como você está ensinando à criança o respeito aos limites do próprio corpo e do corpo do outro, dê o exemplo e peça permissão antes de tocar o corpo dela para dar banho, por exemplo. É uma forma de orientar que não se pode tocar em locais não autorizados.

Respostas assertivas e sem aumentar a curiosidade da criança

Sem rodeios, adaptando a resposta à idade e à maturidade emocional da criança, responda exatamente o que ela quer saber. Às vezes, ela só tem uma dúvida muito específica e pontual. Perguntar “como os bebês nascem?” é diferente, por exemplo, de perguntar “como os bebês são feitos?”. E eles não vão perguntar o que não é da fase em que estão, a erotização e o aprofundamento no assunto, somos nós, adultos que acabamos fazendo.

Mantenha a conversa somente entre vocês

Contar para os amigos e até para os outros filhos sobre a dúvida da criança pode quebrar a confiança que ela tem em você, caso descubra. Se precisar de ajuda para responder à pergunta, procure profissionais e outras fontes de informação confiáveis.

Seja o mais natural possível

A forma como você reage influencia muito. Se você se apavora ou se escandaliza diante da pergunta da criança ou a repreende de alguma forma, ela vai pensar que não deveria ter exposto a dúvida. Se você ignora, ela pode achar que não há espaço para dialogar. Aja com naturalidade e responda o que você souber responder. O que não souber, diga que vai estudar para responder depois. E responda.

Ensine sobre discrição

Na fase da descoberta do corpo, é natural que a criança se toque e chegue às partes íntimas. Encare isso com a mesma naturalidade que acontece, mas oriente a não se tocar em público, apenas em ambientes privados como quarto e banheiro. Faça comparações que a criança possa compreender, como: “Você vê sua mãe ou seu pai tocar na parte genital em público?”. Mas, atenção: para ter coerência no discurso, caso você veja a criança se tocar em público, leve o diálogo com ela sobre isso para o ambiente privado, que é onde a questão deve ser tratada.

Não diferencie sua criação por gênero

Não deve haver diferença entre falar sobre sexualidade com meninos e falar sobre sexualidade com meninas. Ambos se desenvolvem e se descobrem de maneira natural. Se você encara com naturalidade a auto estimulação genital do menino, por exemplo, e se apavora quando a menina faz o mesmo, você pode provocar nela transtornos e disfunções relacionadas à sexualidade na vida adulta, além de uma série de problemas de autoestima. Ambos também devem ser ensinados a respeitar o próprio corpo e o corpo do outro.

Seja frequente e corriqueiro

Você não precisa criar todo um cenário, toda uma ambiência, todo um momento para falar com a criança sobre questões ligadas à sexualidade. Às vezes, o assunto pode surgir enquanto vocês leem um quadrinho ou assistem a um desenho animado ou filme, por exemplo. Inclusive, é importante estar atento aos conteúdos que as crianças estão consumindo, principalmente na Internet.

Use do dia a dia

Quadrinhos, cartilhas, jogos, brinquedos, livros. Há uma série de recursos confiáveis disponíveis (alguns, até gratuitamente) para que você use no diálogo com a criança sobre sexualidade.

por Bia Gomes

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